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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

SÃO JOSÉ

"As santas imagens, presentes em nossas igrejas e em nossas casas, destinam-se a despertar e alimentar a nossa fé no mistério de Cristo. Por meio do ícone de Cristo e de suas obras salvíficas, é a Ele que adoramos. Mediante as santas imagens da Santa Mãe de Deus, dos anjos e dos santos, veneramos as pessoas nelas representadas". (Catecismo da Igreja Católica, 1192)

O GLORIOSO São José era descendente direto dos grandes reis da tribo de Judá, e dos mais ilustres patriarcas; mas sua verdadeira glória consistiu em sua humildade e virtude. A história de sua vida não foi escrita por homens, mas suas ações principais foram registradas pelo próprio Espírito Santo. 
Deus delegou-lhe a educação de seu divino Filho, manifestado na carne. Para este fim, ele esposou a Virgem Maria. É um erro evidente de alguns autores considerar que, de uma ex-mulher, ele fosse pai de São Tiago Menor, e de outros que nos evangelhos são referidos como irmãos do Senhor: pois havia apenas primos-primeiros de Cristo, os filhos de Maria, irmã da Virgem Santíssima, esposa de Alfeu, que ainda vivia no tempo da crucificação do Redentor. São Jerônimo assegura-nos que São José sempre preservou sua castidade virginal; e é de fé que nada contrário a isto jamais ocorreu em relação à sua casta esposa, a Virgem Maria Santíssima. Ele lhe foi dado pelo céu para ser o protetor de sua castidade, para defendê-la de calúnias na ocasião do nascimento do Filho de Deus, e para assisti-la na educação d’Ele, em sua caminhada, fatigas e perseguições. 

Quão imensa foi a pureza e santidade daquele que foi escolhido como guardião da mais imaculada Virgem! Este homem santo parece ter desconhecido, por tempo considerável, o grande mistério da Encarnação, que fora nela forjado pelo Espírito Santo. 
Consciente, contudo, de seu próprio comportamento casto em relação a ela, era natural que uma grande preocupação surgisse em seu interior, ao descobrir que, não obstante a santidade do comportamento dela, com toda a certeza ela estava grávida. Mas sendo um homem justo, como as Escrituras o chamam, e conseqüentemente possuidor de todas as virtudes, especialmente a caridade e a mansidão em relação ao próximo, ele estava determinado a deixá-la em segredo, sem condená-la ou acusá-la, entregando tudo a Deus. Estas suas perfeitas disposições foram tão aceitáveis a Deus, o amante da justiça, caridade e paz, que antes que ele executasse o planejado, Ele enviou um anjo do céu, não para repreender qualquer coisa de sua santa conduta, mas para dissipar todas as suas dúvidas e temores, revelando-lhe o adorável mistério. 

Podemos admirar em secreta contemplação, com que devoção, respeito e delicadeza ele contemplava e adorava o primeiro de todos os homens, o recém-nascido Salvador do mundo, e com que fidelidade ele se desincumbia de suas duas responsabilidades, a educação de Jesus e a guarda de sua santa mãe. “Ele foi verdadeiramente o servo fiel e prudente,” diz São Bernardo,“a quem nosso Senhor nomeou para o chefe do lar, o conforto e apoio de Sua mãe, Seu padrasto, e o mais fiel colaborador na execução de seus mais profundos conselhos na terra.” “Que felicidade,” diz o mesmo padre, “não somente ver Jesus Cristo, mas também ouvi-Lo, carregá-Lo em seus braços, levá-Lo a lugares, abraçá-Lo e acariciá-Lo, alimentá-Lo, compartilhar todos os grandes segredos que eram ocultados dos príncipes deste mundo.”
Em meio a estas graças extraordinárias, que coisa há mais maravilhosa que sua humildade! 
Ele oculta seus privilégios, vive como um homem obscuro, não escreve nada acerca dos grandes mistérios de Deus, não indaga mais nada sobre os mistérios de Deus, deixando a Deus a decisão de manifestá-los em Seu próprio tempo, procura cumprir a ordem da providência a seu respeito, sem interferir com qualquer coisa, exceto a que lhe diz respeito. Embora descendente da família real que tivera uma longa possessão do trono da Judéia, ele se contenta com sua condição de mecânico e artesão, de cujo trabalho tira o sustento para manter a si próprio, a sua esposa e a seu divino filho.
Seríamos ingratos a este grande santo se não lembrássemos que é a ele, como instrumento de Deus, que devemos a preservação do menino Jesus do ciúme e da malícia de Herodes, manifestada na matança dos Inocentes. Um anjo, que lhe apareceu em sonho, ordenou-lhe que levantasse, tomasse o menino Jesus, fugisse com ele para o Egito e ficasse lá até que lhe fosse ordenado que voltasse. Esta repentina e inesperada fuga deve ter causado muitos inconvenientes e sofrimentos a José, numa viagem tão longa, com uma criança pequena e uma virgem delicada, grande parte do caminho sendo através de desertos e em meio a estranhos; mesmo assim, ele não alegou nenhuma desculpa, nada perguntando acerca do momento do retorno.
Depois da morte do rei Herodes, que foi informada a São José por meio de uma visão, Deus ordenou-lhe o retorno, com a criança e a mãe, para a terra de Israel, ordem que nosso santo prontamente obedeceu. Mas quando ele chegou à Judéia, sabendo que Arquelau sucedera Herodes naquela parte do país, temendo que ele tivesse sido infectado pelos vícios de seu pai – crueldade e ambição – ele temeu, por isso, lá se estabelecer, como ele teria, de resto, feito, pelas facilidades de educação da criança. E assim, sendo orientado por Deus em nova visão, ele se fixou nos domínios do irmão de Arquelau, Herodes Antipas, na Galiléia, em sua residência anterior, em Nazaré, onde as maravilhosas ocorrências do nascimento de Nosso Senhor eram menos conhecidas. São José, sendo um austero observante da Lei Mosaica, em conformidade com ela, anualmente visitava Jerusalém para celebrar a páscoa. Arquelau, tendo sido banido por Augusto, e a Judéia tendo se tornado uma província romana, José não tinha, agora, nada a temer em Jerusalém. 
Nosso Salvador, tendo completado doze anos de idade, acompanhou seus pais até lá; os quais, tendo realizado as cerimônias usuais da celebração, estavam agora retornando, com muitos de seus vizinhos e conhecidos, para a Galiléia. Sem nunca duvidarem que Jesus se unira ao grupo com algum amigo, viajaram durante todo dia sem procurar por Ele, antes que descobrissem que Ele não viajara com eles. Mas quando caiu a noite e eles não conseguiram obter nenhuma notícia d’Ele entre parentes e conhecidos, eles, na mais profunda aflição, retornaram com a máxima urgência a Jerusalém; onde, depois de uma busca ansiosa de três dias, eles O encontraram no templo, entre doutores da lei, ouvindo seus discursos e argüindo-os de forma a causar grande admiração a todos que O ouviam, deixando-os impressionados com a maturidade de Sua compreensão: tampouco seus pais ficaram menos surpresos na ocasião. E quando sua mãe contou-lhe a aflição e o afinco com que Lhe procuraram, e para expressar sua tristeza por aquela privação, embora de curta duração, de sua presença, disse a Ele: “Filho, por que procedestes assim conosco? Eis que seu pai e eu andávamos angustiados à tua procura;” ela recebeu como resposta que, sendo o Messias e Filho de Deus, enviado por seu Pai ao mundo para redimi-lo, Ele deve cuidar das coisas do Pai, as mesmas pelas quais Ele fora enviado ao mundo; e portanto, era muito provável que eles O encontrassem na casa de Seu Pai: dando a entender que sua aparição em público naquela ocasião era para manifestar a honra de Seu Pai, e para preparar os príncipes dos judeus para recebê-lo como seu Messias; advertindo-os, a partir dos profetas, acerca do tempo de Sua vinda. Mas, embora permanecendo assim no templo sem o conhecimento de seus pais, Ele tenha feito algo sem a permissão deles, em obediência ao Seu Pai celeste, em todas as outras coisas, Ele lhes foi obediente, retornando com eles para Nazaré, e lá vivendo numa obediente sujeição a eles.
Como nenhuma outra menção é feita a São José, ele deve ter morrido antes das bodas de Caná e do começo do ministério de nosso divino Salvador. Não podemos duvidar que ele tenha tido a felicidade da presença de Jesus e Maria em sua morte, rezando ao seu lado, assistindo-o e confortando-o nos seus últimos momentos. Por isso, ele é particularmente invocado pela grande graça de uma morte feliz e pela presença de Jesus nesta hora tremenda. A Igreja lê a história do patriarca José no seu dia, este que era chamado o salvador do Egito, que ele livrou de uma fome fatal; e foi nomeado o mestre fiel da casa de Putephar, do faraó e seu reino. Mas nosso grande santo foi escolhido por Deus como o salvador da vida do verdadeiro Salvador das almas dos homens, resgatando-O da tirania de Herodes. Ele está agora glorificado nos céus, como o guardião e mantenedor de seu Senhor na terra. Como o faraó dizia aos egípcios em suas tribulações: “Ide a José;” que nós confiantemente nos dirijamos à mediação dele, a quem Deus, feito homem, esteve sujeito e obediente na terra.
A Sagrada Família de Jesus, Maria e José, nos apresenta o mais perfeito modelo de convivência na terra. Como aqueles dois serafins, Maria e José, viviam em sua pobre casa! Eles sempre desfrutavam da presença de Jesus, sempre se abrasando no mais ardente amor por Ele, inviolavelmente ligados à Sua sagrada Pessoa, sempre ocupados e vivendo apenas por Ele. Quantos foram seus êxtases em contemplá-Lo, qual foi sua devoção em ouvi-Lo, e seu gozo em possuí-Lo! Oh, vida celestial! Oh, antecipação da beatitude celestial! Oh, convívio divino! Podemos imitá-los, e compartilhar algum grau dessas vantagens, ao conversar freqüentemente com Jesus, e ao contemplar sua mais amigável bondade, acendendo o fogo de Seu divino amor em nosso peito. Os efeitos desse amor, se ele for sincero, aparecerá necessariamente na adoção de Seu espírito, na imitação de Seu exemplo e virtudes; e em nosso esforço em caminhar continuamente na presença divina, encontrando Deus em todos os lugares, e na consideração de todo o tempo perdido que não dedicamos a Deus, ou à Sua honra.

Rev. Alban Butler (1711-73) – Vol. III – Março – A Vida dos Santos, 1866.


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