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terça-feira, 23 de abril de 2019

A IMPORTÂNCIA DA OITAVA DA PÁSCOA


Após o domingo de Páscoa a Igreja vive o Tempo Pascal; são sete semanas em que celebra a presença de Jesus Cristo Ressuscitado entre os Apóstolos, dando-lhes as suas últimas instruções (At 1,2). Quarenta dias depois da Ressurreição Jesus teve a sua Ascensão ao Céu, e ao final dos 49 dias enviou o Espírito Santo sobre a Igreja reunida no Cenáculo com a Virgem Maria. É o coroamento da Páscoa. O Espírito Santo dado à Igreja é o grande dom do Cristo glorioso.
O Tempo Pascal compreende esses cinquenta dias (em grego = “pentecostes”), vividos e celebrados “como um só dia”. Dizem as Normas Universais do Ano Litúrgico que: “os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e júbilo, “como se fosse um único dia festivo”, como um grande domingo” (n. 22).
É importante não perder o caráter unitário dessas sete semanas. A primeira semana é a “oitava da Páscoa”. Ela termina com o domingo da oitava, chamado “in albis”, porque nesse dia os recém batizados tiravam as vestes brancas recebidas no dia do Batismo.
Esse é o Tempo litúrgico mais forte de todo o ano. É a Páscoa (passagem) de Cristo da morte à vida, a sua existência definitiva e gloriosa. É a Páscoa também da Igreja, seu Corpo. No dia de Pentecostes a Igreja é introduzida na “vida nova” do Reino de Deus. Daí para frente o Espírito Santo guiará e assistirá a Igreja em sua missão de salvar o mundo, até que o Senhor volte no Último Dia, a Parusia. Com a vinda do Espírito Santo à Igreja, entramos “nos últimos tempos” e a salvação está definitivamente decretada; é irreversível; as forças o inferno vencidas pelo Cristo na cruz, não são mais capazes de barrar o avanço do Reino de Deus, até que o Senhor volte na Parusia.
A Igreja logo nos primórdios começou a celebrar as sete semanas do Tempo Pascal, para “prolongar a alegria da Ressurreição” até a grande festa de Pentecostes. É um tempo de prolongada alegria espiritual. Esse tempo deve ser vivido na expectativa da vinda do Espírito Santo; deve ser o tempo de um longo Cenáculo de oração confiante.
Nestes cinquenta dias de Tempo Pascal, e, de modo especial na Oitava da Páscoa, o Círio Pascal é aceso em todas as celebrações, até o domingo de Pentecostes. Ele simboliza o Cristo ressuscitado no meio da Igreja. Ele deve nos lembrar que todo medo deve ser banido porque o Senhor ressuscitado caminha conosco, mesmo no vale da morte (Sl 22). É tempo de renovar a confiança no Senhor, colocar em suas mãos a nossa vida e o nosso destino, como diz o salmista: “Confia os teus cuidados ao Senhor e Ele certamente agirá” (Salmo 35,6).
Os vários domingos do Tempo Pascal não se chamam, por exemplo, “terceiro domingo depois da Páscoa”, mas “III domingo de Páscoa”. As leituras da Palavra de Deus dos oito domingos deste Tempo na Santa Missa estão voltados para a Ressurreição. A primeira leitura é sempre dos Atos dos Apóstolos, as ações da Igreja primitiva, que no meio de perseguições anunciou o Senhor ressuscitado e o seu Reino, com destemor e alegria.
Portanto, este é um tempo de grande alegria espiritual, onde devemos viver intensamente na presença do Cristo ressuscitado que transborda sobre nós os méritos da Redenção. É um tempo especial de graças, onde a alma mais facilmente bebe nas fontes divinas. É o tempo de vencer os pecados, superar os vícios, renovar a fé e assumir com Cristo a missão de todo batizado: levar o mundo para Deus, através de Cristo. É tempo de anunciar o Cristo ressuscitado e dizer ao mundo que somente nele há salvação.
Então, a Igreja deseja que nos oito dias de Páscoa (Oitava de Páscoa) vivamos o mesmo espírito do domingo da Ressurreição, colhendo as mesmas graças. Assim, a Igreja prolonga a Páscoa, com a intenção de que “o tempo especial de graças” que significa a Páscoa, se estenda por oito dias, e o povo de Deus possa beber mais copiosamente, e por mais tempo, as graças de Deus neste tempo favorável, onde o céu beija a terra e derrama sobre elas suas Bênçãos copiosas.
Mas, só pode se beneficiar dessas graças abundantes e especiais, aqueles que têm sede, que conhecem, que acreditam, e que pedem. É uma lei de Deus, quem não pede não recebe. E só recebe quem pede com fé, esperança, confiança e humildade.
As mesmas graças e bênçãos da Páscoa se estendem até o final da Oitava. Não deixe passar esse tempo de graças em vão! Viva oito dias de Páscoa e colha todas as suas bênçãos. Não tenha pressa! Reclamamos tanto de nossas misérias, mas desprezamos tanto os salutares remédios que Deus coloca à nossa disposição tão frequentemente.
Muitas vezes somos miseráveis sentados em cima de grandes tesouros, pois perdemos a chave que podia abri-lo. É a chave da fé, que tão maternalmente a Igreja coloca todos os anos em nossas mãos. Aproveitemos esse tempo de graça para renovar nossa vida espiritual e crescer em santidade.
O Círio Pascal
O Círio Pascal estará acesso por quarenta dias nos lembrando isso. A grande vela acesa simboliza o Senhor Ressuscitado. É o símbolo mais destacado do Tempo Pascal. A palavra “círio” vem do latim “cereus”, de cera. O produto das abelhas. O círio mais importante é o que é aceso na vigília Pascal como símbolo de Cristo – Luz, e que fica sobre uma elegante coluna ou candelabro enfeitado. O Círio Pascal é já desde os primeiros séculos um dos símbolos mais expressivos da vigília, por isso ele traz uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da data do ano e das letras Alfa e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego, para indicar que a Páscoa do Senhor Jesus, princípio e fim do tempo e da eternidade, nos alcança com força sempre nova no ano concreto em que vivemos. O Círio Pascal tem em sua cera incrustado cinco cravos de incenso simbolizando as cinco chagas santas e gloriosas do Senhor da Cruz.
O Círio Pascal ficará aceso em todas as celebrações durante as sete semanas do Tempo Pascal, ao lado do ambão da Palavra, até a tarde do domingo de Pentecostes. Uma vez concluído o tempo Pascal, convém que o Círio seja dignamente conservado no batistério. O Círio Pascal também é usado durante os batismos e as exéquias, quer dizer no princípio e o término da vida temporal, para simbolizar que um cristão participa da luz de Cristo ao longo de todo seu caminho terreno, como garantia de sua incorporação definitiva à Luz da vida eterna.
No Vaticano, a cera do Círio Pascal do ano anterior é usada para a confecção do “Agnus Dei” (Cordeiro de Deus), que muitos católicos usam no pescoço; é um sacramental valioso para nos proteger dos perigos desta vida, pois é feito do Círio que representa o próprio Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele é confeccionado de cera branca onde se imprime a figura de um cordeiro, símbolo do Cordeiro Imolado para reparar os pecados do mundo.
Esses “Agnus Dei” são mergulhados pelo Papa em água misturada com bálsamo e o óleo Sagrado Crisma. O Sumo Pontífice eleva profundas orações a Deus implorando para os fiéis que os usarem com fé, as seguintes graças: expulsar as tentações, aumentar a piedade, afastar a tibieza, os perigos de veneno e de morte súbita, livrar das insidias, preservar dos raios, tempestades, dos perigos das ondas e do fogo – impedir que qualquer força inimiga nos prejudique – ajudar as mães no nascimento das crianças.
Prof. Felipe Aquino

segunda-feira, 22 de abril de 2019

O QUE É RESSUSCITAR? QUEM RESSUSCITARÁ? QUANDO?


O Catecismo da Igreja ensina que:
“Na morte, que é separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, ao passo que sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de ser novamente unida a seu corpo glorificado. Deus, em sua onipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível a nossos corpos, unindo-os às nossas almas, pela virtude da Ressurreição de Jesus” (§997).
“Todos os homens que morreram: Os que tiverem feito o bem (sairão) para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de julgamento” (Jo 5,29) (§998).
“Definitivamente “no último dia” (Jo 6,39-40.44-54); “no fim do mundo”. Com efeito, a ressurreição dos mortos está intimamente associada à Parusia de Cristo: Quando o Senhor, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descer do céu, então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro (1Ts 4,16)” (§1001).
De que maneira os mortos ressuscitam?
“Cristo ressuscitou com seu próprio corpo: “Vede as minhas mãos e os meus pés: sou eu!” (Lc 24,39). Mas ele não voltou a uma vida terrestre. Da mesma forma, nele ressuscitarão com seu próprio corpo, que têm agora”; porém, este corpo será “transfigurado em corpo de glória”, em “corpo espiritual”.
“Mas, dirá alguém, como ressuscitam os mortos? Com que corpo voltam? Insensato! O que semeias não readquire vida a não ser que morra. E o que semeias não é o corpo da futura planta que deve nascer, mas um simples grão de trigo ou de qualquer outra espécie (…) Semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível (…) os mortos ressurgirão incorruptíveis. (…) Com efeito, é necessário que este ser corruptível revista a incorruptibilidade e que este ser mortal revista a imortalidade (1Cor 15,35-37.42.44.52-53)” (§999).
A Igreja sabe que haverá a ressurreição da carne; as almas de todos os homens se unirão a seus corpos no Último Dia, mas não sabe “como” isso será; ultrapassa nossa imaginação e nosso entendimento, sendo acessível só na fé. Mas, nossa participação na Eucaristia já nos dá um antegozo da transfiguração de nosso corpo por Cristo, como disse Santo Irineu (†202):
“Assim como o pão que vem da terra, depois de ter recebido a invocação de Deus, não é mais pão comum, mas Eucaristia, Constituída por duas realidades, uma terrestre e a outra celeste, da mesma forma os nossos corpos que participam da Eucaristia não são mais corruptíveis, pois têm a esperança da ressurreição” (Adv. Haer. 4.18,5).
De certo modo, já ressuscitamos com Cristo. Pois, graças ao Espírito Santo, a vida cristã é, já agora na terra, uma participação na morte e na ressurreição de Cristo, como disse São Paulo:
“Fostes sepultados com Ele no Batismo, também com Ele ressuscitastes, pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. (…) Se, pois, ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus (Cl 2,12; 3,1)… mas esta vida permanece “escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,3). “Com ele nos ressuscitou e fez-nos sentar nos céus, em Cristo Jesus” (Ef 2,6).
A recomposição (ressurreição da carne) dar-se-á no fim dos tempos, quando Cristo voltar em sua Parusia ou plena manifestação para consumar a história. E o que ensina o Apóstolo em 1Cor 15,22s:
“Assim como todos morrem em Adão, todos receberão a vida em Cris to. Cada um, porém, na sua ordem: como primícias, Cristo; depois, aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda (Parusia)”.
“Quando o Senhor, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descer do céu, então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; em segundo lugar, nós, os vivos…, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor”.
“Sabemos, com efeito, que ao se desfazer a tenda que habitamos neste mundo, recebemos uma casa preparada por Deus e não por mãos humanas, uma habitação eterna no céu. E por isto suspiramos e anelamos ser sobrevestidos da nossa habitação celeste, contanto que sejamos achados vestidos e não despidos. Pois, enquanto permanecemos nesta tenda, gememos oprimidos: desejamos ser não despojados, mas revestidos com uma veste nova por cima da outra, de modo que o que há de mortal em nós seja absorvido pela vida” (2Cor 5,1-4).
A alma humana, sendo espiritual e imortal, sobrevive independentemente do corpo e recebe a sua sorte definitiva, no juízo particular, até a consumação dos tempos: a ausência do corpo não a impede de ter consciência lúcida. Quando Cristo retornar a alma humana receberá o corpo, porém numa nova dimensão de vida.
“Na ressurreição nem eles se casam nem elas se dão em casamento, mas são todos como os anjos no céu” (cf. Mt 22, 30).
A tese da reencarnação é contrária à da ressurreição, pois supõe que a matéria seja má; nela o indivíduo expia faltas de existências anteriores; reencarna-se em castigo de seus pecados, muitas vezes se necessário. A verdadeira felicidade consistiria em livrar-se da matéria ou desencarnar-se definitivamente. A Igreja sempre lutou contra o maniqueísmo gnóstico que considerava a matéria má, como se fosse obra de um deus mau. Na crença da ressurreição a Igreja valoriza tanto o corpo quanto a alma. Além disso, se a pessoa se salva pela reencarnação, então, não precisa da Redenção de Cristo. Isto esvazia o cristianismo.
Dom Estevão Bettencourt ensina que:
“Para que haja a ressurreição não se requer que Deus recolha a poeira dos cadáveres a fim de com ela plasmar de novo os corpos. Lembremo-nos de que, já durante a vida terrestre de um homem, a matéria do respectivo corpo se vai renovando lentamente, de modo que, de sete em sete anos, cada qual tem outra constituição material; não obstante, esta é realmente o mesmo corpo do indivíduo… Deus pode reconstituir o corpo de uma pessoa falecida a partir do que os filósofos chamam “matéria prima”; esta, reunida à alma desse indivíduo, torna-se o corpo mesmo de tal pessoa, com as suas notas típicas, visto que a identidade da alma propicia a identidade das características do respectivo corpo (tal processo tem sua analogia no fato de que o metabolismo de um homem mortal incorpora ao organismo respectivo matéria nova; esta vem a ser o corpo típico de tal pessoa porque passa a ser animada pelo mesmo principio vital ou pela mesma alma). — O corpo dos justos ressuscitados é certamente glorioso, semelhante ao corpo de Jesus, mas conserva as características morfológicas do corpo mortal”.
Prof. Felipe Aquino

AS LIÇÕES DA QUINTA-FEIRA SANTA


Aqui começa o Tríduo Pascal, a preparação para a grande celebração da Páscoa, a Vitória de Jesus Cristo sobre a morte, o pecado, o sofrimento e o inferno.
Este é o dia em que a Igreja celebra a instituição dos grandes Sacramentos da Ordem e da Eucaristia. Jesus é o grande e eterno Sacerdote; mas quis precisar de ministros sagrados, retirados do meio do povo, para levar ao mundo a Salvação que Ele conquistou com a sua Morte e Ressurreição.
Jesus desejou ardentemente celebrar aquela hora: “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer” (Lc 22,15).
Na celebração da Páscoa, após instituir o Sacramento da Eucaristia, ele disse aos Discípulos: “Fazei isto em memória de Mim”. Com essas palavras Ele instituiu o Sacerdócio cristão: “Pegando o cálice, deu graças e disse: Tomai este cálice e distribui-o entre vós. Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim” (Lc 22, 17-19).
Na noite em que foi traído, mais nos amou; bebeu o cálice da Paixão até a última e amarga gota. São João disse que: “Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou” (Jo 13,1).
Depois que Jesus passou por toda a terrível paixão e morte de Cruz, ninguém mais tem o direito de duvidar do amor de Deus por cada pessoa.
Aos mesmos discípulos ele vai dizer depois no Domingo da Ressurreição: “Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,23). Estava assim instituída também a sagrada Confissão, o sacramento da Penitência; o perdão dos pecados dos homens que Ele tinha acabado de conquistar com o seu Sangue.
Na noite da Ceia Pascal o Senhor lavou os pés dos discípulos, fez esse gesto marcante, que era realizado pelos servos, para mostrar que no seu Reino “o último será o primeiro”, e que o cristão deve ter como meta servir e não ser servido. Quem não vive para servir não serve para viver. Quem não vive para servir não é feliz, porque a autêntica felicidade, que o tempo não apaga, as crises não destroem e o vento não leva, é a que nasce do serviço ao outro, desinteressadamente.
Nesta mesma noite Jesus fez várias promessas importantíssimas à Igreja que institui sobre Pedro e os Apóstolos. Prometeu-lhes o Espírito Santo, e a garantia de que ela seria guiada por Ele a “toda a verdade”. Sem isto a Igreja não poderia guardar intacto o “depósito da fé”, que São Paula chamou de “sã doutrina”. Sem a assistência permanente do Espírito Santo desde Pentecostes, ela não poderia ter chegado ate´ hoje e não poderia cumprir sua missão de levar a salvação a todos os homens de todas as nações.
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós” (Jo 14, 16-17).
Que promessa maravilhosa: o Espírito da Verdade permanecerá convosco e em vós. Como pode alguém ter a coragem de dizer que um dia a Igreja errou o caminho. Seria preciso que o Espírito da Verdade a tivesse abandonado.
“Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (Jo 14, 25-26).
Na última Ceia o Senhor deixou à Igreja essa grande promessa: O Espírito Santo “ensinar-vos-á todas as coisas”. É por isso que São Paulo disse a Timóteo que “a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3, 15). Quem desafiar a verdade de doutrina e de fé ensinada pela Igreja, vai escorregar pelas trevas do erro.
E na mesma santa Ceia, o Senhor lhes diz: “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade…” (Jo 16, 12-13).
Jesus sabia que aqueles homens simples não tinham condições de compreender toda a teologia cristã; mas assegura-lhes que o Paráclito lhes ensinaria tudo, ao longo do tempo, até os nossos dias de hoje. E o Sagrado Magistério dirigido pelo Papa continua assistido pelo Espírito de Jesus.
São essas Promessas, feitas à Igreja na Santa Ceia, que dão a ela a estabilidade e a infalibilidade em matéria de fé e de costumes. Portanto, não só o Senhor instituiu os Sacramentos da Eucaristia e da Ordem, na Santa Ceia, mas colocou as bases para a firmeza permanente da Sua Igreja. Assim, ele concluiu a obra que o Pai lhe confiou, antes de consumar sua missão na Cruz.
Prof. Felipe Aquino

quarta-feira, 17 de abril de 2019

QUARTA-FEIRA SANTA: JUDAS ATRAIÇOA JESUS


Na Quarta-Feira Santa recordamos a triste história daquele que foi Apóstolo de Cristo: Judas. Assim conta São Mateus no seu evangelho: Um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse-lhes: «Quanto me dareis, se eu vo-lo entregar?» Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata. E, a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus.
Por que a Igreja recorda este acontecimento? Para que nos convençamos de que todos podemos comportar-nos como Judas. Para que peçamos ao Senhor que, da nossa parte, não haja traições, nem distanciamentos, nem abandonos. Não somente pelas consequências negativas que isso poderia trazer às nossas vidas pessoais, o que já seria muito; mas porque poderíamos arrastar outros, que necessitam da ajuda do nosso bom exemplo, do nosso ânimo, da nossa amizade.
Em alguns lugares da América, as imagens de Cristo crucificado mostram uma chaga profunda na face esquerda do Senhor. E contam que essa chaga representa o beijo de Judas. Tão grande é a dor que os nossos pecados causam a Jesus! Digamos-lhe que desejamos ser-lhe fiéis: que não queremos vendê-lo – como Judas – por trinta moedas, por uma ninharia, pois isso são todos os pecados: a soberba, a inveja, a impureza, o ódio, o ressentimento... Quando uma tentação ameaça atirar-nos para o chão, pensemos que não vale a pena trocar a felicidade dos filhos de Deus, que é o que somos, por um prazer que logo acaba e deixa o gosto amargo da derrota e da infidelidade.
Temos de sentir o peso da Igreja e de toda a humanidade. Não é admirável saber que qualquer um de nós pode ter influência no mundo inteiro? No lugar onde estamos, realizando bem o nosso trabalho, cuidando da família, servindo os amigos, podemos ajudar a felicidade de tantas pessoas. Como escreve São Josemaria Escrivá, com o cumprimento dos nossos deveres cristãos, temos de ser como a pedra caída no lago. – Produz, com o teu exemplo e com a tua palavra um primeiro círculo... e este, outro... e outro, e outro... Até chegar aos lugares mais remotos.
Vamos pedir ao Senhor que não o atraiçoemos mais; que saibamos afastar, com a sua graça, as tentações que o demônio nos apresenta, enganando-nos. Temos de dizer que não, decididamente, a tudo o que nos afaste de Deus. Assim não se repetirá na nossa vida a desgraçada história de Judas.
E se nos sentirmos débeis, corramos ao Santo Sacramento da Penitência! Ali o Senhor nos espera, como o pai da parábola do filho pródigo, para nos dar um abraço e oferecer-nos a sua amizade. Continuamente sai ao nosso encontro, ainda que tenhamos caído baixo, muito baixo. Sempre é tempo de voltar a Deus! Não reajamos com desânimo, nem com pessimismo. Não pensemos: que vou fazer, se sou um cúmulo de misérias? Maior é a misericórdia de Deus! Que vou fazer, se caio uma e outra vez pela minha debilidade? Maior é o poder de Deus, para nos levantar das nossas quedas!
Grandes foram os pecados de Judas e de Pedro. Os dois atraiçoaram o Mestre: um entregando-o nas mãos dos perseguidores, outro negando-o por três vezes. E, no entanto, que diferente reação teve cada um! Para os dois o Senhor guardava torrentes de misericórdia.
Pedro arrependeu-se, chorou o seu pecado, pediu perdão, e foi confirmado por Cristo na fé e no amor; com o tempo, chegaria a dar a sua vida por Nosso Senhor. Judas, pelo contrário, não confiou na misericórdia de Cristo. Até o último momento teve abertas as portas do perdão de Deus, mas não quis entrar por elas através da penitência.
Na sua primeira encíclica, João Paulo II fala do direito de Cristo a encontrar-se com cada um de nós naquele momento chave da vida da alma, que é o momento da conversão e do perdão (Redemptor hominis, 20). Não privemos Jesus desse direito! Não tiremos a Deus Pai a alegria de nos dar o abraço de boas-vindas! Não contristemos o Espírito Santo, que deseja devolver às almas a vida sobrenatural!
Peçamos a Santa Maria, Esperança dos cristãos, que não permita o desânimo perante os nossos equívocos e pecados, talvez repetidos. Que nos alcance do seu Filho a graça da conversão, o desejo eficaz de recorrer – humildes e contritos – à Confissão, sacramento da misericórdia divina, começando e recomeçando sempre que seja preciso.
Fonte: opusdei.org
 

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