Na
Quarta-Feira Santa recordamos a triste história daquele que foi Apóstolo de
Cristo: Judas. Assim conta São Mateus no seu evangelho: Um dos Doze, chamado
Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse-lhes: «Quanto me
dareis, se eu vo-lo entregar?» Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata. E, a
partir de então, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus.
Por
que a Igreja recorda este acontecimento? Para que nos convençamos de que todos
podemos comportar-nos como Judas. Para que peçamos ao Senhor que, da nossa
parte, não haja traições, nem distanciamentos, nem abandonos. Não somente pelas
consequências negativas que isso poderia trazer às nossas vidas pessoais, o que
já seria muito; mas porque poderíamos arrastar outros, que necessitam da ajuda
do nosso bom exemplo, do nosso ânimo, da nossa amizade.
Em
alguns lugares da América, as imagens de Cristo crucificado mostram uma chaga
profunda na face esquerda do Senhor. E contam que essa chaga representa o beijo
de Judas. Tão grande é a dor que os nossos pecados causam a Jesus! Digamos-lhe
que desejamos ser-lhe fiéis: que não queremos vendê-lo – como Judas – por
trinta moedas, por uma ninharia, pois isso são todos os pecados: a soberba, a
inveja, a impureza, o ódio, o ressentimento... Quando uma tentação ameaça
atirar-nos para o chão, pensemos que não vale a pena trocar a felicidade dos
filhos de Deus, que é o que somos, por um prazer que logo acaba e deixa o gosto
amargo da derrota e da infidelidade.
Temos
de sentir o peso da Igreja e de toda a humanidade. Não é admirável saber que
qualquer um de nós pode ter influência no mundo inteiro? No lugar onde estamos,
realizando bem o nosso trabalho, cuidando da família, servindo os amigos,
podemos ajudar a felicidade de tantas pessoas. Como escreve São Josemaria
Escrivá, com o cumprimento dos nossos deveres cristãos, temos de ser como a
pedra caída no lago. – Produz, com o teu exemplo e com a tua palavra um
primeiro círculo... e este, outro... e outro, e outro... Até chegar aos lugares
mais remotos.
Vamos
pedir ao Senhor que não o atraiçoemos mais; que saibamos afastar, com a sua
graça, as tentações que o demônio nos apresenta, enganando-nos. Temos de dizer
que não, decididamente, a tudo o que nos afaste de Deus. Assim não se repetirá
na nossa vida a desgraçada história de Judas.
E
se nos sentirmos débeis, corramos ao Santo Sacramento da Penitência! Ali o
Senhor nos espera, como o pai da parábola do filho pródigo, para nos dar um
abraço e oferecer-nos a sua amizade. Continuamente sai ao nosso encontro, ainda
que tenhamos caído baixo, muito baixo. Sempre é tempo de voltar a Deus! Não
reajamos com desânimo, nem com pessimismo. Não pensemos: que vou fazer, se sou
um cúmulo de misérias? Maior é a misericórdia de Deus! Que vou fazer, se caio
uma e outra vez pela minha debilidade? Maior é o poder de Deus, para nos
levantar das nossas quedas!
Grandes
foram os pecados de Judas e de Pedro. Os dois atraiçoaram o Mestre: um
entregando-o nas mãos dos perseguidores, outro negando-o por três vezes. E, no
entanto, que diferente reação teve cada um! Para os dois o Senhor guardava
torrentes de misericórdia.
Pedro
arrependeu-se, chorou o seu pecado, pediu perdão, e foi confirmado por Cristo
na fé e no amor; com o tempo, chegaria a dar a sua vida por Nosso Senhor.
Judas, pelo contrário, não confiou na misericórdia de Cristo. Até o último
momento teve abertas as portas do perdão de Deus, mas não quis entrar por elas
através da penitência.
Na
sua primeira encíclica, João Paulo II fala do direito de Cristo a encontrar-se
com cada um de nós naquele momento chave da vida da alma, que é o momento da
conversão e do perdão (Redemptor
hominis, 20). Não privemos Jesus desse direito! Não tiremos a Deus
Pai a alegria de nos dar o abraço de boas-vindas! Não contristemos o Espírito
Santo, que deseja devolver às almas a vida sobrenatural!
Peçamos a Santa Maria,
Esperança dos cristãos, que não permita o desânimo perante os nossos equívocos
e pecados, talvez repetidos. Que nos alcance do seu Filho a graça da conversão,
o desejo eficaz de recorrer – humildes e contritos – à Confissão, sacramento da
misericórdia divina, começando e recomeçando sempre que seja preciso.Fonte: opusdei.org
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