O
Catecismo da Igreja ensina que:
“Na
morte, que é separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção,
ao passo que sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de ser
novamente unida a seu corpo glorificado. Deus, em sua onipotência, restituirá
definitivamente a vida incorruptível a nossos corpos, unindo-os às nossas
almas, pela virtude da Ressurreição de Jesus” (§997).
“Todos
os homens que morreram: Os que tiverem feito o bem (sairão) para uma
ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de
julgamento” (Jo 5,29) (§998).
“Definitivamente
“no último dia” (Jo 6,39-40.44-54); “no fim do mundo”. Com efeito, a
ressurreição dos mortos está intimamente associada à Parusia de Cristo: Quando
o Senhor, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descer
do céu, então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro (1Ts 4,16)” (§1001).
De
que maneira os mortos ressuscitam?
“Cristo
ressuscitou com seu próprio corpo: “Vede as minhas mãos e os meus pés: sou eu!”
(Lc 24,39). Mas ele não voltou a uma vida terrestre. Da mesma forma, nele
ressuscitarão com seu próprio corpo, que têm agora”; porém, este corpo será
“transfigurado em corpo de glória”, em “corpo espiritual”.
“Mas,
dirá alguém, como ressuscitam os mortos? Com que corpo voltam? Insensato! O que
semeias não readquire vida a não ser que morra. E o que semeias não é o corpo
da futura planta que deve nascer, mas um simples grão de trigo ou de qualquer
outra espécie (…) Semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível (…) os
mortos ressurgirão incorruptíveis. (…) Com efeito, é necessário que este ser
corruptível revista a incorruptibilidade e que este ser mortal revista a
imortalidade (1Cor 15,35-37.42.44.52-53)” (§999).
A
Igreja sabe que haverá a ressurreição da carne; as almas de todos os homens se
unirão a seus corpos no Último Dia, mas não sabe “como” isso será; ultrapassa
nossa imaginação e nosso entendimento, sendo acessível só na fé. Mas, nossa
participação na Eucaristia já nos dá um antegozo da transfiguração de nosso
corpo por Cristo, como disse Santo Irineu (†202):
“Assim
como o pão que vem da terra, depois de ter recebido a invocação de Deus, não é
mais pão comum, mas Eucaristia, Constituída por duas realidades, uma terrestre
e a outra celeste, da mesma forma os nossos corpos que participam da Eucaristia
não são mais corruptíveis, pois têm a esperança da ressurreição” (Adv. Haer.
4.18,5).
De
certo modo, já ressuscitamos com Cristo. Pois, graças ao Espírito Santo, a vida
cristã é, já agora na terra, uma participação na morte e na ressurreição de
Cristo, como disse São Paulo:
“Fostes
sepultados com Ele no Batismo, também com Ele ressuscitastes, pela fé no poder
de Deus, que o ressuscitou dos mortos. (…) Se, pois, ressuscitastes com Cristo,
procurai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus (Cl
2,12; 3,1)… mas esta vida permanece “escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,3).
“Com ele nos ressuscitou e fez-nos sentar nos céus, em Cristo Jesus” (Ef 2,6).
A
recomposição (ressurreição da carne) dar-se-á no fim dos tempos, quando Cristo
voltar em sua Parusia ou plena manifestação para consumar a história. E o que
ensina o Apóstolo em 1Cor 15,22s:
“Assim
como todos morrem em Adão, todos receberão a vida em Cris to. Cada um, porém,
na sua ordem: como primícias, Cristo; depois, aqueles que pertencem a Cristo,
por ocasião da sua vinda (Parusia)”.
“Quando
o Senhor, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descer
do céu, então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; em segundo lugar,
nós, os vivos…, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o
Senhor”.
“Sabemos,
com efeito, que ao se desfazer a tenda que habitamos neste mundo, recebemos uma
casa preparada por Deus e não por mãos humanas, uma habitação eterna no céu. E
por isto suspiramos e anelamos ser sobrevestidos da nossa habitação celeste,
contanto que sejamos achados vestidos e não despidos. Pois, enquanto
permanecemos nesta tenda, gememos oprimidos: desejamos ser não despojados, mas
revestidos com uma veste nova por cima da outra, de modo que o que há de mortal
em nós seja absorvido pela vida” (2Cor 5,1-4).
A
alma humana, sendo espiritual e imortal, sobrevive independentemente do corpo e
recebe a sua sorte definitiva, no juízo particular, até a consumação dos
tempos: a ausência do corpo não a impede de ter consciência lúcida. Quando
Cristo retornar a alma humana receberá o corpo, porém numa nova dimensão de
vida.
“Na
ressurreição nem eles se casam nem elas se dão em casamento, mas são todos como
os anjos no céu” (cf. Mt 22, 30).
A
tese da reencarnação é contrária à da ressurreição, pois supõe que a matéria
seja má; nela o indivíduo expia faltas de existências anteriores; reencarna-se
em castigo de seus pecados, muitas vezes se necessário. A verdadeira felicidade
consistiria em livrar-se da matéria ou desencarnar-se definitivamente. A Igreja
sempre lutou contra o maniqueísmo gnóstico que considerava a matéria má, como
se fosse obra de um deus mau. Na crença da ressurreição a Igreja valoriza tanto
o corpo quanto a alma. Além disso, se a pessoa se salva pela reencarnação,
então, não precisa da Redenção de Cristo. Isto esvazia o cristianismo.
Dom
Estevão Bettencourt ensina que:
“Para
que haja a ressurreição não se requer que Deus recolha a poeira dos cadáveres a
fim de com ela plasmar de novo os corpos. Lembremo-nos de que, já durante a
vida terrestre de um homem, a matéria do respectivo corpo se vai renovando
lentamente, de modo que, de sete em sete anos, cada qual tem outra constituição
material; não obstante, esta é realmente o mesmo corpo do indivíduo… Deus pode
reconstituir o corpo de uma pessoa falecida a partir do que os filósofos chamam
“matéria prima”; esta, reunida à alma desse indivíduo, torna-se o corpo mesmo
de tal pessoa, com as suas notas típicas, visto que a identidade da alma
propicia a identidade das características do respectivo corpo (tal processo tem
sua analogia no fato de que o metabolismo de um homem mortal incorpora ao
organismo respectivo matéria nova; esta vem a ser o corpo típico de tal pessoa
porque passa a ser animada pelo mesmo principio vital ou pela mesma alma). — O
corpo dos justos ressuscitados é certamente glorioso, semelhante ao corpo de
Jesus, mas conserva as características morfológicas do corpo mortal”.
Prof.
Felipe Aquino
0 comentários:
Postar um comentário